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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Lenço para o Crocodilo

Ontem, refletimos sobre a diferença entre o arrependimento genuíno e um remorso qualquer. Reconheço que o post foi simples e incapaz de lidar com as diversas ramificações que o assunto traz. Mas, nem por isso deixa de ser relevante. O ponto era apenas colocar uma pulga atrás da orelha de crocodilos (se é que você me entende...): lágrimas desprovidas de mudança de atitude são vazias.

Mas, o que fazer com o crocodilo chorão? Há esperança para ele? O crocodilo precisa de um lenço e hoje vamos ajudá-lo a enxugar as lágrimas, levá-lo a reconhecer porque está chorando e quem sabe conduzi-lo a produzir lágrimas que levam a uma mudança de atitude genuína.

O choro pode não ter sido fruto de um arrependimento genuíno, mas é real. Parte de viver a vida “a nível de” cristianismo verdadeiro é alinhar suas lágrimas com as lágrimas de Deus. E nesse caso, o crocodilo precisa enxergar que seu choro não é fruto da tristeza causada pelo pecado, mas porque “abriu a boca demais”. As vezes, ele nem sabe disso. Chora porque as consequências doem ou porque não conseguiu o que quer.

É importante “reconhecer a razão real do seu choro.” Vergonha, medo das consequências, perda de aprovação, etc não são as causas das lágrimas de Deus. São lágrimas de crocodilo. Vem de gente que virou vítima da própria armadilha. O livro de Provérbios descreve bem os gemidos de quem sofre consequências do próprio pecado:

8 Fique longe dessa mulher;

não se aproxime da porta de sua casa,

9 para que você não entregue aos outros

o seu vigor nem a sua vida a algum homem cruel,

10 para que estranhos não se fartem do seu trabalho

e outros não se enriqueçam à custa do seu esforço.

11 No final da vida você gemerá,

com sua carne e seu corpo desgastados.

12 Você dirá: “Como odiei a disciplina!

Como o meu coração rejeitou a repreensão!

13 Não ouvi os meus mestres

nem escutei os que me ensinavam.

14 Cheguei à beira da ruína completa,

à vista de toda a comunidade”. (Pv 5.8-14)

Note o remorso do insensato no versículo 12. Preso por sua própria insensatez, ele geme em meio a dor das consequências. Infelizmente, nem todo mundo aprende na dor. O insensato pode voltar para a própria insensatez, “como o cão volta ao seu vômito” (Pv 26.11). Mas felizmente, o insensato pode ser sábio pelo temor do Senhor (Pv 1.7). O temor do Senhor ajuda o insensato a reconhecer quem ele é diante de quem Deus é. Só assim que aprende a “reconhecer a gravidade do pecado”. Quando isso acontece, não chora mais por causa da dor das consequências, mas porque desagradou a Deus. Então, o processo deixa de ser centrado nele mesmo, mas passa a ser definido por Deus e por meio dEle. Nesse caso, as lágrimas são fruto desse reconhecimento.

Foi o que aconteceu com Davi. Veja o Salmo 51 como o arrependido busca em toda a sua confissão a vontade de Deus. Pronto para sofrer as consequências, o salmista clama misericórdia porque reconheceu a gravidade do pecado. Diante disso, ele passa então “a reconhecer a graça de Deus”. E isso é evidenciado numa boca cheia de louvor e num coração alegre cheio da graça de Deus.

Portanto, se o seu choro é por consequências, pare tudo. Reconheça que seu pecado é contra Deus. Reconheça a graça de Deus pela provisão em Cristo Jesus. E motivado pelo perdão, cresça.


"A nível de"

Um comentário:

  1. Muito interessante as palavras. Deus te abençoe nesta iniciativa.
    Rodrigo (ibm, sjc-sp)

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