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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A Confissão do Infartado

Ontem à tarde, fui ao hospital visitar um amigo e irmão em Cristo que sofreu três ataques cardíacos nos últimos 5 dias. Com artérias entupidas, ele foi operado às pressas na quarta-feira. No dia seguinte, já se sentindo bem melhor, ele me ligou para conversarmos. Combinamos de nos falar no próprio hospital em algum momento de tarde.

Assim que entrei no quarto, encontrei meu amigo deitado, seu sobrinho ao lado e uma amiga do outro. Até aqui, uma visita hospitalar típica. Cheguei logo no começo da explicação de como tudo aconteceu: dores no braço esquerdo, suor, tontura, etc. Depois veio o susto ao ver uma sala com quase 20 pessoas prontas para operá-lo. Aí, realmente caiu a ficha que não era um ataque de diabetes, mas problemas sérios do coração.

O sobrinho olhou para o relógio e foi embora. E o papo continuou. Com algumas lágrimas, o infartado começou a contar o que aprendeu diante do que poderia ter sido fatal. E a amiga foi embora. Agora era ele e eu conversando. Mais lágrimas.

E o que ele aprendeu? “Sacha, a verdade é que estou longe de Deus. Estava frequentando a igreja, cultos e aulas. Mas meu coração estava longe de Deus, sem a empolgação que tinha quando comecei minha jornada com Cristo. Nos últimos anos, passei a viver buscando a garantia do que vou comer, dirigir ou ter. Nessa busca, deixei o que realmente tem valor de lado: Deus e minha família.” E mais lágrimas.

E o que eu pensei? “O que eu vou falar para esse camarada?” Não tive dúvidas em encorajá-lo na esperança eterna que temos em Cristo. Não tive dúvidas de lembrá-lo da brevidade da vida. Falamos também que do mesmo jeito que ele não partiu, ele ficou. Vivemos sem controle algum de quantos dias viveremos, e a única certeza é que não é para sempre. Como estudante de teologia, era quase uma obrigação mencionar tudo isso.

Então a esposa dele chegou. Trocamos alguns cumprimentos cordiais e comentários ordinários. “E você? Como está? Sacha, você parece cansado.

Em instantes, a confissão do infartado confrontou o coração do agitado. Naquele mesmo dia, passei o almoço pensando em um zilhão de coisas, com dificuldades em desfrutar das coisas simples da vida. Foi difícil focar no que minha esposa contava e roboticamente eu troquei a fralda do meu filho. Agitado demais para desfrutar a alegria da visita hospitalar, dirigi pensando no trabalho que tenho que escrever. Me perdi nas tarefas e, ironicamente, me perdi no caminho até o hospital. Mas foi na confissão do infartado que meu agitado coração encontrou um lembrete importante.

Quarta-feira foi meu amigo que infartou, mas REALMENTE poderia ter sido eu ou você. Quarta-feira, Deus resolveu estender a vida do meu amigo, mas REALMENTE eu não sei por quanto tempo estenderá a minha ou a sua. Podemos esperar um infarto para mudar ou aprender com o infartado.

Quando iremos nos encontrar com Deus é um mistério, mas a realidade do encontro deve mudar nosso preparo para ele. Entre os dois hospitais que marcam o início e o fim de nossa vida, Deus coloca situações no caminho para nos fazer lembrar da brevidade e futilidade da experiência terrena. Não se engane, somente o que é feito por Cristo irá durar!

“10. Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más. 11. Uma vez que conhecemos o temor ao Senhor, procuramos persuadir os homens. O que somos está manifesto diante de Deus, e esperamos que esteja manifesto também diante da consciência de vocês. 12. Não estamos tentando novamente recomendar-nos a vocês, porém lhes estamos dando a oportunidade de exultarem em nós, para que tenham o que responder aos que se vangloriam das aparências e não do que está no coração. 13. Se enlouquecemos, é por amor a Deus; se conservamos o juízo, é por amor a vocês. 14. Pois o amor de Cristo nos constrange, porque todos; logo, todos morreram. 15. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (2 Coríntios 5.10-15)

"A nível de"

Um comentário:

  1. "A nível de" prioridades na vida, nunca podemos nos esquecer do lugar para onde estamos indo. Quando nos esquecemos da vida futura, naufragamos nessa vida. Quando desvalorizamos as bênçãos futuras, consideramos as coisas que nos rodeiam com um valor que elas não têm. E tem mais: C.S. Lewis escreveu que quando paramos de pensar na vida futura, começamos a errar na vida presente (Cristianismo Puro e Simples - se não me engano...).

    Nessa hora me lembro de Paulo dizendo: "Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens"(1Co 15:19).

    "A nível de" alerta, aí está um muito bom...

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