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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Como a manjedoura revela quem Cristo é?

Jesus foi colocado numa manjedoura porque não havia lugar para Ele. Isso mostra o apreço que o mundo tem por Cristo. Não havia reconhecimento algum por Sua maravilhosa condescendência. Jesus não era bem-vindo ou querido, e ainda é assim. Não há lugar para Cristo nas escolas, sociedade, no mundo dos negócios, entre os amantes do prazer, na política, nos jornais e até mesmo em muitas igrejas. A história apenas se repete. Tudo o que o mundo deu para o Salvador foi uma manjedoura, uma cruz para onde morrer e um túmulo emprestado para receber Seu corpo assassinado.

Ele foi colocado numa manjedoura para demonstrar a extensão de Sua pobreza. Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos.” (2 Coríntios 8.9). Quão “pobre” Ele se tornou foi manifesto logo no começo. Aquele que posteriormente não tinha nem onde colocar Sua cabeça, que teve que pedir por uma moeda para responder Seus críticos com relação ao pagamento de impostos, que teve que usar a casa de um outro homem quando instituiu a Ceia foi, logo de início, um Estranho sem casa aqui. E a “manjedoura” foi a primeira evidência.

Ele foi colocado numa manjedoura para demonstrar Seu desprezo pelas riquezas do mundo e toda sua pompa. Nós poderíamos pensar que seria mais apropriado para Cristo nascer num palácio e ser colocado num berço de ouro e repleto de caros tecidos. Mas como Ele mesmo nos lembra no Evangelho, “Aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos olhos de Deus’” (Lucas 16.15). E que exemplo dessa verdade foi dado quando o bebê Salvador foi colocado, não num berço de ouro, mas numa humilde manjedoura.

Ele foi colocado numa manjedoura para marcar Sua identificação com a miséria e sofrimento humanos. O que nasceu era o “Filho do Homem”. Ele deixou a glória dos Céus e desceu para nosso nível. Aqui, nós O vemos no nível mais baixo da condição humana. Assim, o Homem Sofredor identificou-Se com o sofrimento Humano.

Tradução do texto adaptado de “Why Four Gospels? 3. The Gospel of Luke” de A.W. Pink.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Adão Criado, Homem Caído

Um amigo meu, Isaque Sicsú, escreveu um poema baseado nas histórias da Criação do Homem, sua queda e atual estado de pecado. Vale a pena ler pela criatividade artística e verdade escriturística.

Adão Criado, Homem Caído
(Gen. 1.1-3.24; Rom. 1.18-3.20)

Não conheces, tua origem?
Já ouviste de Adão?
Ou será que te perdeu,
E negaste a criação?

Pois, vem e te aproxima.
Quero contar-te, de antemão.
Tu és a obra prima.
És o ápice da criação.

Em ti está encravada,
A imagem do Senhor.
Em ti estão as marcas,
Do soberano criador.

Foste criado ao sexto dia,
Pelas mãos do que não dorme.
Eras pó, sim, tu eras barro.
Eras massa, eras disforme.

Dentro em ti, ó barro inerte,
Foi soprada vida ardente.
Desde então tu és pessoa,
Te tornaste ser vivente.

Tu carregas alma eterna.
Como a mão que o modelou
Dualidade integrada,
Corpo e espírito, Ele juntou.

Foste posto em alto ofício:
Dominar a criação,
Refletir o Pai eterno,
Governar em retidão.

Plenas bênçãos, tu gozavas.
Teu sobrenome, perfeição.
Em teu estado original,
Abundância e comunhão.

(***)

Expulso foste, homem caído,
Do teu reino, do jardim.
Deste ouvidos à serpente,
Separação foi o teu fim.

Tu quiseste autonomia,
Igual a Deus, quiseras ser
Conhecer o bem e o mal
Proibido fruto quis comer.

Tua natureza agora é outra
Escura, fria e mordaz.
O teu filho é assassino.
Teu descendente é sagaz.

Poucas marcas agora sobram
Do sublime criador
Não refletes como antes
A bela imagem do Senhor.

Tua culpa foi imputada
Aos descendentes, escuridão.
Tua natureza, contaminada
Pelo rastro de perdição.

A morte agora é companhia,
Salário é do teu pecado
Tu que antes era livre,
Pelo pecado está algemado.

A natureza geme e clama,
Pela divina redenção.
Pelo fim do sofrimento,
Pela sua restauração.

Outro nome recebestes,
Tu te chamas podridão.
O que antes era vida,
Agora, putrefação.

Não há mais sequer um justo
Não há mais quem dê ouvido
O pecado é nossa herança,
De Adão criado, homem caído.

Por Isaque Sicsú

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Mas o que significa "Jesus entrou no meu coração"?

Jesus entrou no meu coração” e “Jesus limpou meu coração” são idéias comuns em canções infantis evangélicas de hoje. Os adultos ensinam e as crianças cantam. Mas poucos entendem o que está por trás de frases assim. Num mundo que se distancia cada vez mais de tudo o que a Palavra de Deus ensina, o Evangelho tem se resumido a um conjunto de sentimentos momentâneos de uma rasa religiosidade Ocidenal. Falta estudo da Bíblia e falta a compreensão do que é o coração humano. O resultado é gente convidando Jesus para entrar em um “lugar” desconhecido e limpando uma suposta parte do corpo que não tem significado algum.

O coração é o centro de controle do Homem, de onde “depende toda a sua vida” (Pv 4.23). É lá que residem os pensamentos, intenções, crenças, desejos e atitudes. Esse centro do controle do homem também é chamado de mente, alma e espírito no Novo Testamento. De uma certa forma, são todos termos sinônimos, ou melhor, intercambiáveis. Ou seja, o coração faz referência ao homem interior como um todo. Tudo o que não pertence à composição física do homem faz parte do centro de controle, que é o homem interior (Mt 13.15).

Uma análise de diversas passagens bíblicas aponta o coração como centro de controle em três áreas principais: intelecto, afeição e vontade. Primariamente, o coração refere-se ao intelecto, que inclui pensamentos, crenças, lembranças, juízos, consciência e discernimento  (1 Rs 3.12; Mt 13.15; Mc 2.6; Lc 24.38; Rm 1.21; 1 Tm 1.5). Outra parte do centro de controle do homem é composta pelas afeições, que incluem os sentimentos e emoções  (Dt 28.47; 1 Sm 1.8; Sl 20.4; 73.7; Ec 7.9; 11.9; Is 35.4; Tg 3.14;). E, a terceira área do coração é a vontade. A vontade é o aspecto da parte da pessoa interior que escolhe ou determina ações (Dt 23.15-16; 30.19; Js 24.15; Sl 25.12).

Porém, essas três “frentes” do coração não devem ser encaradas como entidades distintas e isoladas. O homem interior não deve ser visto exclusivamente debaixo de suas divisões funcionais, mas na sua unidade de essência. Intelecto, afeição e vontade trabalham em cooperação mútua e não existem isoladamente. O coração é como um diamante com facetas distintas, chamadas de intelecto, afeição e vontade. Porém, todas fazem parte da mesma preciosidade: o coração. Portanto, a dinâmica do centro de controle humano envolve o pensamento como orientador do juízo de valores, que alimenta o desejo. Por sua vez, o desejo é resultado do direcionamento da vontade. E a rede de valores e desejos alimentam as afeições, que influenciam nas decisões. Essa é uma dinâmica tão difícil de descrever quanto de separar suas partes.

Seja como for, tudo o que é estudado com relação às diversas áreas da vida deve ser aplicado ao nível do coração, pois ele representa quem o homem verdadeiramente é (Pv 27.19). Meras mudanças comportamentais não irão promover transformação genuína na vida de ninguém. A transformação que agrada a Deus deve acontecer no nível do coração, é lá que está o real problema e o centro de controle de todo o homem. Somente um coração transformado pela graça de Cristo pode cumprir o propósito original da criação.

A implicação da definição bíblica do coração é que todo e qualquer problema do Homem está relacionado ao coração. Todos os dias, o Homem deve escolher a quem irá amar mais: Deus ou a si mesmo. Somente o Espírito Santo através da Palavra de Deus pode revelar a verdade por trás de decisões tomadas no coração humano (Hb 4.12). Então, “Jesus entrou no seu coração”? “Jesus limpa seu coração”? Em outras palavras, quem está no comando? O Senhor Jesus é Senhor sobre seus pensamentos, seus desejos e suas afeições? Santificação progressiva é uma realidade no nível de seu intelecto, vontade e emoção ou apenas uma doutrina na Teologia Sistemática da sua estante?

Por Alexandre Mendes
(artigo originalmente postado no blog da Editora “Tempo de Colheita” com o título de “Centro de Controle”)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

3 cuidados que a Igreja deve ter com a futura presidenta

No último dia 31 de outubro de 2010, o Brasil finalizou o processo eleitoral para apontar o próximo presidente do Brasil. Para a tristeza de alguns e para a alegria da maioria, a candidata Dilma Rousseff ganhou a disputa nas urnas para se tornar a primeira presidenta de nossa história, pondo fim em uma eleição que foi marcada, entre outras coisas, pelo debate ético e religioso. Para muitos cristãos, as propostas da então candidata Dilma Rousseff são uma ameaça ao avanço do cristianismo no Brasil. Sua história pessoal, seu perfil ideológico e algumas de suas declarações do passado assombraram (e ainda assombram) cristãos por todo o território nacional. No entanto, a Bíblia traz princípios claros que ironicamente são esquecidos pelo “povo do Livro”. O intuito desse pequeno artigo é nos lembrar de três cuidados que a Igreja brasileira deve ter quando o assunto for a candidata eleita, Dilma Rousseff.

1) Não esqueça de quem está no controle. Muitos cristãos estão desesperados diante da vitória da candidata Dilma. Grande parte disso está em não enxergar o processo eleitoral “democrático” dentro do plano soberano de Deus. Em outras palavras, a candidata eleita teve mais votos, mas “...o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer” (Daniel 4.25). Nenhum artifício humano irá neutralizar a soberania divina em colocar e tirar governantes do poder. Veja bem, isso não é fatalismo, mas é crer na soberania de Deus que sustenta nosso Universo com sabedoria e amor. Se assim Deus permitir, Dilma Rousseff irá assumir a presidência no primeiro dia do próximo ano. E se isso acontecer, será porque Deus quis. Então, não fique achando que o futuro do nosso país está comprometido ou garantido por causa do resultado das eleições. Apenas descanse. Deus esteve no controle no dia 31 de outubro de 2010 e estará no controle no dia 1 de janeiro de 2011. Tudo irá acontecer debaixo da soberania de Deus para a honra e glória de Seu nome (Romanos 11.36).


2) Santifique a Cristo em seu coração e não se deixe dominar por sua indignação.* Se seu candidato não foi eleito, você pode sofrer a tentação de ser dominado por sua indignação. Alguns têm deixado isso acontecer porque minimizaram o ponto #1. Independente do que aconteça ou que lei seja aprovada, o dever do cristão é santificar a Cristo em seu coração no meio de qualquer circunstância, e isso não exclui a política (1 Pedro 3.13-18). Para entender isso melhor, o apóstolo Pedro nos lembra do exemplo de Cristo, “que sofreu pelos pecados... o justo pelos injustos.” Cristo tinha todo o direito e poder para depor as autoridades de seu tempo, mas foi submisso (antes de tudo ao Pai) ao ponto de morte, e morte de cruz. E isso Ele fez para nos conduzir a Deus. Portanto, não deixe com que sua indignação domine seu coração. O debate político não deve ser inflamado a tal ponto de ofuscar seu testemunho por Cristo. Deixe que o mundo veja em você, cristão, uma atitude diferente, refletindo que Deus existe, é Santo e perdoador de pecados (Mateus 5.13-16). Na Palavra de Deus, somos instruídos a respeitar nossas autoridades porque elas foram instituídas por Deus (Romanos 13.1-7). Portanto, qualquer tipo de rebeldia contra uma autoridade é uma rebeldia direta contra Deus.


3) Ore por nossa futura presidenta. São tantas especulações éticas e barulho nos meios de comunicação disponíveis, que nos esquecemos do que é óbvio e explícito na Palavra de Deus. “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.” (1 Timóteo 2.1-2) Então, por que não investir tempo e joelho orando como obediência à Palavra de Deus? Não deixe com que sua opinião e preferência políticas sejam obstáculos para cumprir a vontade de Deus revelada em Sua Palavra. Está na hora de orar por nossas autoridades. Ou melhor, sempre é hora de orar por nossas autoridades.

E enquanto somos lembrados desses três cuidados para com nossa futura presidenta, não percamos a esperança. Nosso Rei é de outro mundo. “Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.” (Filipenses 2.9-11)

“A nível de”

*O ponto #2 foi modificado de sua publicação original como fruto da interação com um dos leitores do blog, Tiago Abdalla. Obrigado amigo e irmão Tiago Abdalla por sua disposição em ser ferro que afia ferro na minha vida e mostrar que submissão não é sinônimo de silêncio total. A crítica política existe, mas não desconsidera a soberania de Deus.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O prêmio maior

No Novo Testamento, o evangelho é chamado de “o evangelho de Deus” inúmeras vezes (Romanos 1.1; 15.16; 2 Coríntios 11.7; 1 Tessalonicenses 2.2, 8, 9; 1 Pedro 4.17). Tal expressão deve ser entendida no nível mais profundo possível. O evangelho é chamado de “evangelho de Deus” não porque simplesmente vem de Deus, ou porque é meramente feito por Deus, mas também porque me leva a Deus, que é o Prêmio maior. De fato, Deus é quem faz o evangelho ser a boa nova que é, que me traz para Si mesmo (Efésios 1) e então Se entrega livremente a mim através de Jesus Cristo (Romanos 5.5; João 14.21).

A essência da vida eterna não se encontra em ter meus pecados perdoados, ou ter uma mansão no céu, ou ter ruas de ouro onde andarei para sempre. Ao invés disso, a essência da vida eterna é conhecer intimamente a Deus e a Jesus Cristo, a quem Ele enviou (João 17.3). Todo o restante que Deus me dá no evangelho serve apenas para me levar a Ele, para que esse grande fim fosse alcançado. Cristo morreu para o perdão dos meus pecados para que eu pudesse ser trazido “para Deus” (1 Pedro 3.18). Cristo está preparando um lugar para mim nos céus para que Ele me receba para “Si mesmo” e me mantenha para sempre com Ele e onde Ele está (João 14). E sim, existe uma grande rua de ouro no céu, mas existe qualquer dúvida para onde essa rua nos leva? Inquestionavelmente, ela nos leva diretamente para o trono de Deus (Apocalipse 21.21; 22.1), assim como todas as dádivas que recebi no Evangelho.

Quando medito no Evangelho a cada dia que passa, inevitavelmente eu vejo meus pensamentos viajando das dádivas que recebi para o Grande Doador dessas dádivas; e quanto mais meus pensamentos são direcionados a Ele, mais eu experimento a essência da vida eterna. O “evangelho de Deus” é de Deus, vem através de Deus, e me leva a Deus (Romanos 11.36); e é nEle que minha alma encontra a verdadeira alegria e descanso.

Milton Vincent, A Gospel Primer (pp. 49-50)

Tradução “A nível de”