Maria 3 apresenta um tipo de dúvida que todos nós já tivemos em algum momento (ou iremos ter). Mas antes de tentarmos ajudá-la, deixe-me compartilhar algo que pode trazer uma luz em decisões como essas. Dentro do Reino de Deus, a motivação é um conceito chave para nos guiar em decisões assim. O conceito da motivação nos ajuda a clarear as idéias em processos decisórios difíceis. Não estou dizendo que “o que vale é a intenção”, mas não existe ação correta quando a motivação é errada. Lembra do exemplo dos dois homens que oravam no templo? Um voltou justificado para casa e o outro não. Os dois oravam, mas apenas um encontrou a salvação. Lucas 18.9-14 conta essa história mostrando como a motivação foi determinante para distinguir as duas ações.
Bom, o caso de Maria 3 também deve levar em consideração as motivações. Obviamente, a história é fictícia, mas procurei colocar elementos que fossem parecidos não só com situações comuns de hoje, como também com a ocasião dos romanos (e coríntios) no primeiro século. Por exemplo, a dúvida da época era: “Podemos comer carne (sacrificada aos ídolos)?” Já mencionei algo sobre o contexto dessa passagem em algum lugar nesse blog, mas vale a pena ler de novo.
Os cristãos romanos tinham dúvida se poderiam ou não comer carnes sacrificadas aos ídolos pagãos da época. Provavelmente, estamos falando de uma microeconomia baseada nos sacrifícios aos ídolos. Não precisamos especular muito para sugerir que comprar carne nesse mercado gerava receitas para manter o sistema de sacrifícios pagãos funcionando. Então pense, os cristãos podiam comprar e comer carne sacrificada aos ídolos? Alguns diziam que não. Insistiam que isso seria um “sacrilégio” e talvez até mesmo uma forma de tomar parte em cultos idólatras! Outros, não viam problema algum em assar e comer uma picanha desse tipo. Seja como for, Paulo enfatiza que isso não deveria ser motivo de desunião entre os irmãos. E mais, Paulo ainda disse que “aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou. Quem é você para julgar o servo alheio?” (Romanos 14.3, 4a) Mais adiante, Paulo declara que não há alimento impuro para aqueles que estão no Senhor! “Como alguém que está no Senhor Jesus, tenho plena convicção de que nenhum alimento é por si mesmo impuro, a não ser para quem assim o considere; para ele é impuro.” (Romanos 14.14) Paulo é bem claro. O problema não é a comida, mas uma consciência fundamentada em fé:
“22. Assim, seja qual for o modo de crer a respeito dessas coisas, que isso permaneça entre você e Deus. Feliz é o homem que não se condena naquilo que aprova. 23. Mas aquele que tem dúvida é condenado se comer, porque não come com fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.” (Romanos 14.22-23)
Em resumo, os romanos não deveriam se justificar na decisão de comer ou não. O que estava em questão era se a motivação da ação estava baseada em fé! Portanto, comer carne com dúvidas era pecado, assim como não comer carne e julgar o irmão!
Com isso em mente, quero propor um exercício interessante. Espero que isso nos ajude a entender que nossa personagem está em situação bem semelhante aos romanos (e coríntios). Releia o texto acima (e também Romanos 14 e 1 Coríntios 8) fazendo as seguintes substituições: carne/alimento = cosméticos; comer = comprar. Lembre-se, “para nós, porém, há um único Deus, o Pai, de quem vêm todas as coisas e para quem vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem vieram todas as coisas e por meio de quem vivemos.” (1 Coríntios 8.6)
Leu? Agora, vamos supor que o conteúdo do e-mail é verdadeiro. Existe problema em comprar os cosméticos? Não. Problema resolvido? Não!!! O princípio #3 se aplica à consciência de Maria 3; “não ofenda a sua própria consciência.” Se Maria 3 tem dúvidas, comprar os cosméticos é pecado! Por outro lado, se Maria 3 entende que não deve comprar ou tomar parte com essa empresa, ela não deve julgar sua amiga se sua decisão for diferente (e aqui, aguarde a história da Maria 4; e enquanto a história não chega, lembre-se que estamos falando da Maria 3).
Maria 3 deve investigar melhor essa situação. Procurar aplicar esses princípios bíblicos. Bater um papo com seu pastor. E tomar todas as atitudes que precisa para solucionar o problema na sua consciência. Se ainda tiver dúvidas, ela já sabe a resposta: NÃO! O que não vem de fé é pecado! Mas e se ela perceber que não tem problema depois e perder uma grande oportunidade de trabalho? Nada pode ser melhor que agradar a Deus em ações e motivações! Nosso propósito de vida é agradar a Deus!
Agora pense. E você? Está fazendo algo que sua consciência condena? Ou, você está julgando alguém por tomar uma decisão diferente da sua? Talvez a sua dúvida não seja a compra de cosméticos, mas preferências de música, tomar a famosa cervejinha dos amigos, regras e padrões de namoro, e a lista continua, limitada apenas pela criatividade humana. Mas todas elas devem ser guiadas pelos princípios de nossa liberdade... #1) Obedeça aos mandamentos absolutos de Deus (por exemplo, “Não se embriague”); #2) há liberdade em praticar o que a Bíblia não proíbe; #3) NÃO OFENDA A SUA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA... Na cruz de Cristo encontramos liberdade pela fé e limites pelo amor. Só quem é livre em Cristo pode REALMENTE fazer ou deixar de fazer, ambos baseados no amor. Pense nisso.
Amanhã, se Deus quiser, iremos conhecer a história da Maria 4 e suas lutas em não ofender a consciência do próximo.
Creio que a questão da consciência pessoal é importante e a consciência do outro também. Sendo assim, posso comer por orgulho e desprezar a consciência do outro. Ou posso deixar de comer por orgulho e julgar a consciência do outro. Ambos pecaram, porque ambos não amaram. Não perceberam o caminho sobre modo elevado. A questão é Deus e o outro e não eu. Se pergunto se posso comer, comprar, beber a resposta é, não posso. Porque só criança que pergunta pode ou não pode. Não tenho liberdade. Estou preso a minha “religiosidade” pré cruz. E se come para glória de quem como? Se como para me gloriar diante dos irmãos, peco porque como para mim e não para o Senhor.
ResponderExcluirCreio que a questão da consciência pessoal é importante e a consciência do outro também. Sendo assim, posso comer por orgulho e desprezar a consciência do outro. Ou posso deixar de comer por orgulho e julgar a consciência do outro. Ambos pecaram, porque ambos não amaram. Não perceberam o caminho sobre modo elevado. A questão é Deus e o outro e não eu. Se pergunto se posso comer, comprar, beber a resposta é, não posso. Porque só criança que pergunta pode ou não pode. Não tenho liberdade. Estou preso a minha “religiosidade” pré cruz. E se como, para glória de quem que eu como? Se como para me gloriar diante dos irmãos, peco porque como para mim e não para o Senhor.
ResponderExcluirJonatas
Caro Sacha...tenho acompanhado os casos de Maria. Que são muito interessantes e desafiadores. Fiquei a pensar em nossas motivações, o que sai de nosso coração.Sei que esse é enganoso, como relata o livro de provérbios. Minha pergunta é: Como posso esclarecer minhas motivações? Que perguntas posso fazer para me ajudar a avaliar minhas motivações e desejos? Como de forma sábia e sadia posso conhecer melhor meu coração...me ajudando a tomar decisões com um coração honesto que quer agradar ao Senhor?? Sacha, como posso me ajudar e ajudar Maria a garimpar corações enganosos, mas sinceros e dispostos a crescer em santidade? Gostaría de ouvir sua resposta...Obrigado
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