Páginas

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Mas o que significa "Jesus entrou no meu coração"?

Jesus entrou no meu coração” e “Jesus limpou meu coração” são idéias comuns em canções infantis evangélicas de hoje. Os adultos ensinam e as crianças cantam. Mas poucos entendem o que está por trás de frases assim. Num mundo que se distancia cada vez mais de tudo o que a Palavra de Deus ensina, o Evangelho tem se resumido a um conjunto de sentimentos momentâneos de uma rasa religiosidade Ocidenal. Falta estudo da Bíblia e falta a compreensão do que é o coração humano. O resultado é gente convidando Jesus para entrar em um “lugar” desconhecido e limpando uma suposta parte do corpo que não tem significado algum.

O coração é o centro de controle do Homem, de onde “depende toda a sua vida” (Pv 4.23). É lá que residem os pensamentos, intenções, crenças, desejos e atitudes. Esse centro do controle do homem também é chamado de mente, alma e espírito no Novo Testamento. De uma certa forma, são todos termos sinônimos, ou melhor, intercambiáveis. Ou seja, o coração faz referência ao homem interior como um todo. Tudo o que não pertence à composição física do homem faz parte do centro de controle, que é o homem interior (Mt 13.15).

Uma análise de diversas passagens bíblicas aponta o coração como centro de controle em três áreas principais: intelecto, afeição e vontade. Primariamente, o coração refere-se ao intelecto, que inclui pensamentos, crenças, lembranças, juízos, consciência e discernimento  (1 Rs 3.12; Mt 13.15; Mc 2.6; Lc 24.38; Rm 1.21; 1 Tm 1.5). Outra parte do centro de controle do homem é composta pelas afeições, que incluem os sentimentos e emoções  (Dt 28.47; 1 Sm 1.8; Sl 20.4; 73.7; Ec 7.9; 11.9; Is 35.4; Tg 3.14;). E, a terceira área do coração é a vontade. A vontade é o aspecto da parte da pessoa interior que escolhe ou determina ações (Dt 23.15-16; 30.19; Js 24.15; Sl 25.12).

Porém, essas três “frentes” do coração não devem ser encaradas como entidades distintas e isoladas. O homem interior não deve ser visto exclusivamente debaixo de suas divisões funcionais, mas na sua unidade de essência. Intelecto, afeição e vontade trabalham em cooperação mútua e não existem isoladamente. O coração é como um diamante com facetas distintas, chamadas de intelecto, afeição e vontade. Porém, todas fazem parte da mesma preciosidade: o coração. Portanto, a dinâmica do centro de controle humano envolve o pensamento como orientador do juízo de valores, que alimenta o desejo. Por sua vez, o desejo é resultado do direcionamento da vontade. E a rede de valores e desejos alimentam as afeições, que influenciam nas decisões. Essa é uma dinâmica tão difícil de descrever quanto de separar suas partes.

Seja como for, tudo o que é estudado com relação às diversas áreas da vida deve ser aplicado ao nível do coração, pois ele representa quem o homem verdadeiramente é (Pv 27.19). Meras mudanças comportamentais não irão promover transformação genuína na vida de ninguém. A transformação que agrada a Deus deve acontecer no nível do coração, é lá que está o real problema e o centro de controle de todo o homem. Somente um coração transformado pela graça de Cristo pode cumprir o propósito original da criação.

A implicação da definição bíblica do coração é que todo e qualquer problema do Homem está relacionado ao coração. Todos os dias, o Homem deve escolher a quem irá amar mais: Deus ou a si mesmo. Somente o Espírito Santo através da Palavra de Deus pode revelar a verdade por trás de decisões tomadas no coração humano (Hb 4.12). Então, “Jesus entrou no seu coração”? “Jesus limpa seu coração”? Em outras palavras, quem está no comando? O Senhor Jesus é Senhor sobre seus pensamentos, seus desejos e suas afeições? Santificação progressiva é uma realidade no nível de seu intelecto, vontade e emoção ou apenas uma doutrina na Teologia Sistemática da sua estante?

Por Alexandre Mendes
(artigo originalmente postado no blog da Editora “Tempo de Colheita” com o título de “Centro de Controle”)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

3 cuidados que a Igreja deve ter com a futura presidenta

No último dia 31 de outubro de 2010, o Brasil finalizou o processo eleitoral para apontar o próximo presidente do Brasil. Para a tristeza de alguns e para a alegria da maioria, a candidata Dilma Rousseff ganhou a disputa nas urnas para se tornar a primeira presidenta de nossa história, pondo fim em uma eleição que foi marcada, entre outras coisas, pelo debate ético e religioso. Para muitos cristãos, as propostas da então candidata Dilma Rousseff são uma ameaça ao avanço do cristianismo no Brasil. Sua história pessoal, seu perfil ideológico e algumas de suas declarações do passado assombraram (e ainda assombram) cristãos por todo o território nacional. No entanto, a Bíblia traz princípios claros que ironicamente são esquecidos pelo “povo do Livro”. O intuito desse pequeno artigo é nos lembrar de três cuidados que a Igreja brasileira deve ter quando o assunto for a candidata eleita, Dilma Rousseff.

1) Não esqueça de quem está no controle. Muitos cristãos estão desesperados diante da vitória da candidata Dilma. Grande parte disso está em não enxergar o processo eleitoral “democrático” dentro do plano soberano de Deus. Em outras palavras, a candidata eleita teve mais votos, mas “...o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer” (Daniel 4.25). Nenhum artifício humano irá neutralizar a soberania divina em colocar e tirar governantes do poder. Veja bem, isso não é fatalismo, mas é crer na soberania de Deus que sustenta nosso Universo com sabedoria e amor. Se assim Deus permitir, Dilma Rousseff irá assumir a presidência no primeiro dia do próximo ano. E se isso acontecer, será porque Deus quis. Então, não fique achando que o futuro do nosso país está comprometido ou garantido por causa do resultado das eleições. Apenas descanse. Deus esteve no controle no dia 31 de outubro de 2010 e estará no controle no dia 1 de janeiro de 2011. Tudo irá acontecer debaixo da soberania de Deus para a honra e glória de Seu nome (Romanos 11.36).


2) Santifique a Cristo em seu coração e não se deixe dominar por sua indignação.* Se seu candidato não foi eleito, você pode sofrer a tentação de ser dominado por sua indignação. Alguns têm deixado isso acontecer porque minimizaram o ponto #1. Independente do que aconteça ou que lei seja aprovada, o dever do cristão é santificar a Cristo em seu coração no meio de qualquer circunstância, e isso não exclui a política (1 Pedro 3.13-18). Para entender isso melhor, o apóstolo Pedro nos lembra do exemplo de Cristo, “que sofreu pelos pecados... o justo pelos injustos.” Cristo tinha todo o direito e poder para depor as autoridades de seu tempo, mas foi submisso (antes de tudo ao Pai) ao ponto de morte, e morte de cruz. E isso Ele fez para nos conduzir a Deus. Portanto, não deixe com que sua indignação domine seu coração. O debate político não deve ser inflamado a tal ponto de ofuscar seu testemunho por Cristo. Deixe que o mundo veja em você, cristão, uma atitude diferente, refletindo que Deus existe, é Santo e perdoador de pecados (Mateus 5.13-16). Na Palavra de Deus, somos instruídos a respeitar nossas autoridades porque elas foram instituídas por Deus (Romanos 13.1-7). Portanto, qualquer tipo de rebeldia contra uma autoridade é uma rebeldia direta contra Deus.


3) Ore por nossa futura presidenta. São tantas especulações éticas e barulho nos meios de comunicação disponíveis, que nos esquecemos do que é óbvio e explícito na Palavra de Deus. “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.” (1 Timóteo 2.1-2) Então, por que não investir tempo e joelho orando como obediência à Palavra de Deus? Não deixe com que sua opinião e preferência políticas sejam obstáculos para cumprir a vontade de Deus revelada em Sua Palavra. Está na hora de orar por nossas autoridades. Ou melhor, sempre é hora de orar por nossas autoridades.

E enquanto somos lembrados desses três cuidados para com nossa futura presidenta, não percamos a esperança. Nosso Rei é de outro mundo. “Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.” (Filipenses 2.9-11)

“A nível de”

*O ponto #2 foi modificado de sua publicação original como fruto da interação com um dos leitores do blog, Tiago Abdalla. Obrigado amigo e irmão Tiago Abdalla por sua disposição em ser ferro que afia ferro na minha vida e mostrar que submissão não é sinônimo de silêncio total. A crítica política existe, mas não desconsidera a soberania de Deus.